O filme retrata a vida de algumas travestis e transexuais em
Salvador e sua incansável luta para viver de acordo com o gênero identificado.
Apesar do filme se chamar bombadeira, nome dado para
designar as pessoas que fazem a inserção de silicone nas travestis, o enfoque
do filme não é tratar desta problemática, pois o diretor se atentou em relatar
diversas formas das experiências trans.
E estas experiências são carregadas de sofrimento,
pois a transfobia nega a existência das pessoas trans, o que implica em
ausência de políticas públicas, a legitimação de violência e no geral a
exclusão de que elas ocupem espaços formais de socialização.Em suma o direito a
cidadania.
Ao recorrer a profissionais da saúde as pessoas trans
sofrem diferentes formas de hostilização e somado a ausência de direitos no que
diz respeito a saúde originam uma cultura de automedicação. Nos relatos do
filme, todos conhecem os riscos e se submetem a ele, por meio das bombadeiras,
pelo intenso desejo de se reafirmar plenamente conforme o gênero identificado.
O preconceito vivenciado no âmbito profissional faz da
prostituição espaço possível de se atuar profissionalmente, tendo este lugar
legitimado, por permitir a expressão (existência) das travestis. Tal forma de
expressão, evidentemente, se limita as práticas sexuais onde , neste contexto,
são usadas como forma de eliciar o gozo no outro.
É de suma importância salientar que o trabalho na
prostituição das travestis é perverso no sentido em que é pela marginalização
que este espaço é possível. A vivência na clandestinidade é contexto recorrente
para elas.
O filme que acredito pode ser classificado como documentário, mostra a diversidade da experiência humana!
Precisamos de encarar que existe uma pluralidade de formas de existência e que o discurso normativo tenta apagar o tempo todo, mas que é falho quando assistimos, no relato do esposo de Michelle o intenso sentimento de amor vivido por ambos.
Para acessar a sinopse; http://www.cinedica.com.br/Filme-Bombadeira-15675.php