Eu me recuso em pensar que o
filme trata de superação, tal discurso que na maior parte das vezes coloca as
pessoas em uma posição de vitimização e impotência. Pois é justamente este lugar
que Mirco se recusa a se estabelecer.
Ao ser direcionado para o
instituto de deficientes visuais, a maior dificuldade que Mirco encontra é o de
não poder explorar de seus demais sentidos, por meio da criação de histórias e
reprodução de sons em seu gravador.
Quando o seu gravador lhe é
tomado ele se sente frustrado sendo acometido por grande tristeza o que levou
ao seu isolamento, a liberdade lhe é privada a sua capacidade de evoluir
encontra o obstáculo que é o discurso imposto pelo instituto.
Este discurso parece ser pautado na
concepção de normalização versus anormalidade, já que o instituto tem como
objetivo treinar as crianças para se tornarem produtivas ao capitalismo, exercendo
atividades operacionais. Como cita o diretor “a liberdade é um luxo que os
cegos não podem usufruir”, dizendo da sua forma de encarar o mundo.
Sendo assim o filme não se reduz
a contar história de uma criança portadora de deficiência visual, mas delata
várias formas de cegueira, que neste caso, significa reduzir a pessoa a sua
limitação elidindo suas potencialidades.
No filme, Mirco encontra aporte
de seu professor que conseguirá vencer a imposição do discurso do instituto, é
ainda mostra que é por meio de nossas peculiaridades que criamos novas formas
de nos relacionar com o mundo, fomentado pelo o nosso desejo de ser livre e através
disto celebrar a felicidade.
Para acesso a sinopse do filme: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-141261/
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