segunda-feira, 30 de julho de 2012

Almas á Venda (2009)


O filme começa mostrando uma frase de Descartes sobre o dualismo cartesiano, este será representado no filme pela possibilidade de dissociar corpo e alma (mente). O protagonista ao passar por uma crise existencial busca o Armazém de almas, a princípio para se livrar da sua enfadonha alma. 

A meu ver o filme levanta duas reflexões. A primeira mostra que a alma e inerente a nossa existência, ela faz uma distinção da alma como sendo a parte sensível do humano enquanto o corpo sendo o objetivo, racional e quase apático. E como se fossem interdependes, mas a existência plena só é possível quando se tem estes dois “aspectos” relacionados. É quase uma ilustração, evidentemente reinterpretada, do livro “As paixões da Alma”, do filósofo René Descartes. 

A segunda reflexão é acerca da insatisfação com a sua própria vida. O Armazém de almas permite também que as almas sejam alugadas, quem quiser obter uma nova pode escolher de acordo com a sua preferência.

Ter a alma de outra pessoa implica em apreciar a vida de forma diferente, já como descrito acima ela é o “elemento sensível” da vida. A comercialização parece ser uma metáfora para um dos problemas da contemporaneidade a respeito da constante insatisfação com sua nossas vidas e permanente busca em querer ser outro e/ou ter o que o outro possui.

Esta dificuldade em aceitar a sua “alma como sua”, assumir a sua vida é representada ainda no filme, como medo quando o protagonista se recusa a olhar para a própria alma. 

Para ter acesso a sinopse: http://www.imdb.com/title/tt1127877/

sábado, 21 de julho de 2012

Um Beijo Por Favor (2007)


É possível pedir apenar um beijo, único acabado encerrado em si mesmo?Dentro do contexto onde há empatia recíproca entre as pessoas?

O filme mostra a tentativa das personagens ao tentar vivenciar um beijo. São apresentadas duas histórias, intercaladas, de casais que tentarão lidar com as consequências do “beijo”. 

E interessante que o autor consegue trabalhar com os extremos das consequências do beijo, ora alimentando inúmeras expectativas e gerando ações que mudam a vida das personagens, ora sendo silenciadas em uma tentativa de ignorar as possibilidades que aquele beijo poderia engendrar.
 

Para acessar sinopse do filme:http://www.imdb.com/title/tt0920473/

sexta-feira, 20 de julho de 2012

VII SEMANA BH SEM HOMOFOBIA: Seminário do Conselho Regional de Serviço Social


No dia 20 de Julho de 2012 aconteceu o Seminário do Conselho Regional de Serviço Social, no Centro de Cultura de Belo Horizonte. 

A apresentação se iniciou com a performance de Marcelo Kaufmann, acredito que assim como grande parte do público foi uma ótima surpresa que criou um clima de acolhimento e descontração que nós distanciou um pouco do clima de tensão da rotina antes iniciar o debate.

A primeira fala foi da professora de UFT Bruna Irineu, que conseguiu mesclar as suas ideias dentro de um discurso de militância bem como acadêmico, ela falou sobre as políticas públicas LGBT no Brasil.

Ela mostrou o como se deu o surgimento de alguns programas  como o Brasil sem Homofobia, e o desenrolar das ações neles contidas pela pressões do movimento LGBT ao logo dos anos.

Posteriormente ela levantou uma análise crítica, que é interessante resaltar, a respeito da 2º conferência LGBT, que discutiu a cerca de alguns temas tais como: a PLC 122 e o estatuto da diversidade sexual. E nos debates foi percebido que há muitas consonâncias a respeito do que desejamos conquistar, enquanto movimento LGBT, mas há, sobretudo dissonâncias que prejudicando a reivindicações dos direitos, já que existe uma pluralidade de identidade dentro do movimento.

A segunda fala foi de Gustavo Teixeira que trouxe o processo de adesão de novas resoluções no Código de Ética do assistente social, responsável por regulamentar a profissão. Que estão relacionadas às conquistas do movimento LGBT, entre elas  a negação da discriminação da população LGBT,  a concessão de que transexuais e travestis usem documento adequado com sua identidade de gênero e a parceria com a parada LGBT. 

Ele também ratificou de como as diferenças dentro do movimento LGBT prejudicam a emancipação da classe, já que as lutas sociais são lutas de classe. E ainda dissertou sobre como o modelo econômico capitalista cria obstáculos na conquista de direitos LGBT.

O último a discursar foi Roberto Dutra que trouxe uma serie de dados que corroboram a existência da homofobia. E ainda chamou a atenção para a necessidade de conquistar efetivamente instrumentos que possam trazer dados que reflitam a realidade da discriminação da homofobia no Brasil, hoje temos apenas o Grupo Gay da Bahia (GGB) que fornece estas informações.

Ainda suscitou a reflexão sobre a efetividade das políticas públicas hoje, tendo como exemplo o fechamento do Centro de Referência LGBT de BH. Ou seja, o que é necessário para efetivar nossas conquistas? Lutamos por ela, mas quais estão sendo efetivadas?

O debate contou ainda com diversas perguntas e contribuições da extensa plateia presente, que perpassaram aos temas já dissertados, com grande preocupação em pensar de que forma os Assistente Social pode contribuir em sua atuação para “favorecer” a população LGBT.



VII SEMANA BH SEM HOMOFOBIA: Roda de Conversa: Ética, Direitos Humanos e Laicidade do Estado


No dia 18 de Jullho de 2012 aconteceu no Conselho Regional de Psicologia a Roda de Conversa: Ética, Direitos Humanos e Laicidade do Estado.A mesa foi composta por Marco Antônio Torres, Gilvander Luis Moreira e Gilvander Luis Moreira.

Acredito que no geral o discurso foi direcionado por uma perspectiva da individualidade, no sentido em mostra o papel do sujeito (não se deve confundir com o sujeito da psicanálise) no que diz respeito as tramitações da políticas LGBT no país, dada a aceitação da uma ideologia vigente fundada em preceitos religiosos dogmáticos.

A fala foi iniciada por Marco Antônio Torres que comentou como a homofobia é presente em nosso contexto atual, como foco no âmbito escolar e ele trouxe como questionamento central:  Quais são as normas efetivamente  normatizam ( estado x sujeito)? Ao meu ver, é quase uma forma de mostrar como o sujeito estabelece as normas, já que é ele que significa as relação então é responsável por criar as ideologias vigentes.

A segunda fala foi do Frei e Assessor da Pastoral da Terra  Gilvander Luis Moreira, que desde o dia em que forneceu entrevista* para o Jornal o Globo se mostrando favorável a aprovação da união homoafetiva pelo Superior Tribunal Federal ,vem sofrendo inúmeras pressões por parte de vários segmentos , sendo em especial o religioso e o jurídico.

 Gilvander Luis ressaltou que em sua leitura da bíblia, não existem passagens que corroborem que Deus julgue como ato ético a discriminação e o preconceito. Que é por meio da convivência com a diversidade, em todos os aspectos com todas as minorias quee conseguiremos dissipar nossos preconceitos. Já que a verdade é o que possibilita a inserção da pluralidade em nossa sociedade, pois liberdade como ele salienta é o que liberta!

Por fim temos a fala de Roberto Chateaubriand, que resgata um pouco da ideia exposta por Marco Antonio, em mostrar que a democracia é uma tensão entre as ideias individuais e a coletividade. É que o discurso cristão não pode ser usado como parâmetro  para efetivação das leis.

Ele ainda problematizou até que ponto os valores que compartilhamos são cristão, será que estes não serão valores dos sujeitos, que estão os endereçando a um Deus, e assim se isentando da responsabilidade sobre as consequências destes valores.

Ao fim ele salienta que a ideia não eliminar o discurso cristão, mas sim como fazer com que ele seja conciliado com as diversas manifestações dos sujeitos, de forma que Eu permita a existência de outro diferente de mim.

Novamente  a palestra contou com a tradução para LIBRAS.


Foto do post retirada em: CEllos.blogspot.com.br/

terça-feira, 17 de julho de 2012

VII SEMANA BH SEM HOMOFOBIA: Seminário Educação sem Homofobia


Hoje dia 18  De Julho de 2012, aconteceu na secretária de políticas sociais, o Seminário Educação sem Homofobia que discutiu o projeto Educação sem Homofobia, do NUH/ UFMG (Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG).

O seminário teve início com o relato de como foi o surgimento do Nuh, pelo programa Brasil Sem Homofobia.  

E em uma de suas vertentes de atuação existe o projeto Educação Sem Homofobia que tem como objetivo de criar possibilidade de questionar valores heteronormativos dentro do âmbito escolar e colocar a educação como lugar inclusivo (ou menos excludente, como proposto pelo palestrante Igor Monteiro).  

(Para conhecer o projeto Educação sem Homofobia acesse: http://www.fafich.ufmg.br/educacaosemhomofobia/)

Houve um espaço para discussão de quais foram às alterações ocorridas no projeto de 2008 para 2010, por meio de um processo de melhoria continua que propiciasse efetivamente o cumprimento dos objetivos do projeto.Como foi pontuado um dos problemas das primeiras ações, por exemplo, foi de que os professores concluíam o processo de formações, mas não havia espaço para sua atuação.

O projeto Educação sem Homofobia é mais do que um curso de aperfeiçoamento a respeito das questões sobre a diversidade sexual, eu o entendo como uma formação no sentido em que as pessoas que dele participam são agentes que devem propiciar transformações nas relações heteronormativas construídas pelo âmbito escolar. É por isto que o projeto conta a exigência de elaboração de projetos de intervenção e horas vivências.

Um exemplo de horas vivências e a presença na Parada do Orgulho Gay, como elucidado pelo Igor Monteiro, é um momento que permite que seja visto as diversas expressões da sexualidade, que são encobertas no cotidiano pela lógica heternormativa.

Outra questão discutida foi é a respeito da importância da integração do movimento de militância junto com a comunidade acadêmica, para legitimar as ações que já existiam ao combate à homofobia, mas que tiveram forte abrangência com a conexão entre estes dois agentes.

O seminário foi traduzido em Libras (Língua Brasileira de Sinais) que é uma ação do Cellos que visa à inclusão e acessibilidade.

E durante o decorrer da apresentação, nos foi relembrado sobre a luta pela aprovação do  Estatuto da Diversidade Sexual , que é um compêndio direitos que abrangem  a homoafetividade.


VII SEMANA BH SEM HOMOFOBIA: IV Mostra de filmes


No dia 14 De Julho de 2007 começou a VII SEMANA BH SEM HOMOFOBIA, a semana que antecede a para a Parada de orgulho LGBT, que é composta por várias atividades.

No dia 17 De Julho aconteceu a IV mostra de filmes: 3 formas de olhar, no centro de cultura de BH, que apresentou o vídeo "Trans Homem / Homem Trans" e contou com a presença da diretora do filme Tatiana Caravalho (NUH/UFMG e UNA) e a pesquisadora Rafaela Vasconcelos (NUH), que teceram comentários sobre o tema.


O que mais chamou minha atenção na discussão foi a questão sobre a invisibilidade do trasn-homem, de quais lugares eles ocupam, de como o processo de adequação ao gênero é vivenciado, quais são as principais dificuldade encontradas e como é a atuação na militância. 

Estes tópicos foram comentados atentamente, mas irei discorrer brevemente do que chamou mais minha atenção,que é a questão invisibilidade dentro da militância.

 Ainda sobre o apresentação é importante ressaltar que ela foi muito rica por apresentar bibliografias e o vídeo "Trans Homem / Homem Trans", que trouxe a vivência do trasn masculino e suas particularidades, além da apresentação de outros casos como o de  João W. Nery 

(Para conhecer um pouco mais da história de João W. Nery , segue o link de sua entrevista realizada pelo Jô Soares: http://www.youtube.com/watch?v=KIJGhd1Zxnc)


O processo de adequação ao gênero do transmasculino parece ocorrer de forma mais rápida, no sentido em que o apagamento das características femininas em pouco tempo podem ser omitidas. O que faz com a vivência da dupla identidade aconteça de forma mais breve, em relação às trans mulheres. Talvez seja isto, que me faz pensar também nesta ideia de “ocultamento”, no entanto é inegável que o processo mesmo acontecendo de forma diferente  não é menos angustiante,pois existe o abandono familiar, a carência de profissionais aptos para promover o processo de adequação e ausência de políticas públicas.

Hoje a população transmaculina aparece agora com a Associação Brasileira de Homens Trans, para vim recorrer ao direito a políticas públicas , luta contra  o preconceito e visibilidade.
(Para maiores informações:http://www.ftmbrasil.org/)

Certamente está articulação promete fazer história não no sentido de colocar a tona problemas que nunca foram elucidados, mas conquistar um lugar para se falar de tudo aquilo que já foi construído pela população transmaculina, mas que em função do preconceito não foram mostradas. 

 
(Foto do post retirada do link: https://www.facebook.com/cellosmg)

sábado, 14 de julho de 2012

As Canções do Amor (2008)


Adorei o filme. Ele é um musical, que é narrado em três atos: a partida, a ausência e o recomeço.
 
Estes três atos dizem da vida amorosa de Ismael, que ao sofrer um conflito se transforma.

No inicio o protagonista se encontrava alienado em um relacionamento, no sentido em a tentativa dos amantes em buscar novas formas de favorecer e fomentar o sentimento de amor presente em ambos, não são suficientes.

Com o rompimento deste relacionamento Ismael passa a repensar o seu desejo e descobrir uma nova forma de amar. O  belo desta atitude é a possibilidade de mudar, reconhecer um aspecto de sua vivência antes desconhecido por ele  mesmo e tomar isto com intensidade para se relacionar com outra pessoa, como ele enuncia ao fim do filme: “Ama-me menos, mas ama-me por muito tempo”.

Segue um link com a sinopse do filme:

L’Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância (2011)


A  casa de Apollonide é um bordel luxuoso.Que será apresentado com uma minunciosidade em seus detalhes.

 As mulheres todas são belas, sem exceção e que preservam certa pureza, que não se deixa destruir pelo trabalho exercido na casa de Apollonide.

 A casa oferece serviços diferenciados aos seus clientes, no sentido em que as garotas podem escolher os seus clientes, optar por não se relacionar caso desconfie de doenças e até mesmo ter  estabilidade exclusivamente um cliente.Apesar das peculiaridades no atendimento elas não estão  isentas dos problemas encontrados neste trabalho, que será ressaltado no filme a violência e as a exposição a doenças.

 Ao fim do filme as mulheres irão se vingar da violência sofrida por uma companheira, com um sorriso irônico desenhado em seu rosto. É interessante que a cena acontece quase no término do filme e é surpreendente aos espectadores, pois não há indícios que elas alimentam este sentimento durante a narrativa, as personagens apresentam apenas o sentimento de ressentimento e não de vingança pelo cliente que comete o crime.
 
Em meio à decadência pela morte de uma de suas companheiras e a falência do bordel, temos a cena da vingança das mulheres, demarcando também a possibilidade de ser de outra forma que não um mero objeto que responde ao desejo de outrem.

 Segue um link com a sinopse do filme:
http://www.imdb.com/title/tt1660379/

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Peste - Albert Camus (1972)

O livro é fantástico, enuncia vários elementos de uma perspectiva existencial da qual pretendo exprimir abaixo, sem pretensões metodológicas e ou muito aprofundamento (que é merecido). São algumas ideias sobre o livro A Peste relacionadas com algumas concepções de Rollo May encontradas no livro: “O homem a procura de si mesmo”.

A história do livro se passa em Orã, cidade que é acometida por estranhos acontecimentos até levar a dizimar grande parte da população por uma peste de causas desconhecidas. A narrativa do livro será enunciada pelo médico Rieux.

 A peste é apresentada como uma metáfora para problematizar a questão da angústia, aqui entendida em seu sentido existencial diante da condição humana. No decorrer da história em suas entrelinhas, será posto em questão a liberdade, as consequências de sua privação e das possibilidades de escolha e até mesmo a impotência ao se lidar com a angústia enquanto condição humana.

Com a explosão da peste surge a necessidade de se colocar as pessoas em quarentena, para que o risco de contaminação seja amenizado, nesta parte temos as consequências da privação da liberdade.
Ao ser privadas da liberdade é notável as reações de ódio, as pessoas ateavam fogo em suas próprias casas, tal destruição e escamoteada pelo sentimento de ressentimento diante da liberdade negada. Como afirma Rollo May “ Não é possível ao ser humano renunciar a liberdade sem que algo surja pra compensar” (MAY, 1988, p. 124) . 

Em função dos recorrentes ataques será declarado na cidade de Orã estado de sítio, onde dois ladrões serão executados, para tentar reafirmar o poder da autoridade diante do caos, no entanto, sem efeito. O que causará surpresa e desconforto na população será o que toque de recolher ás 23h, que é mais uma forma de privar do livre acesso ao âmbito público. 

Outra consequência da privação da liberdade será a transformação dos valores, que se faz necessária neste contexto para que seja possível ter coragem para lutar pela liberdade. As pessoas começaram a se revelar de forma diferente os maridos inconstantes se mostraram constantes no amor. Os funerais para as pessoas que foram mortas pela peste se tornaram breves pelo risco de contaminação e até mesmo pela sua banalização, “tinha que se sacrificar tudo pela eficácia” (CAMUS, 2011, p.159).

Outros juízos foram suspendidos, como por exemplo, a indiferença da qualidade das roupas usada (CAMUS, 2011, p. 168)

No geral o que era compartilhado por todos era a peste e os sentimentos de separação, exílio que fazia com que as pessoas se comportassem com medo e revolta.

Além da privação da liberdade mostrada coletivamente, no livro existe uma peculiar personagem que tem a liberdade de outra forma, o seu nome é Cottard. No decorrer da história ele será o único, descrito, que se sente confortável com a peste instaurada na cidade.  Na verdade o seu grande medo é de se encontrar com a solidão, já que antes da cidade ser acometida pela peste ele havia cometido um crime que o levaria para a prisão. Ele prefere viver aprisionado com outras pessoas em estado de sítio, do que se deparar consigo mesmo.  

Isto me lembra de Montaigne e Pascal ao dizer dos subterfúgios do homem, em preferir viver em meio ao tumulto, as distrações do que deparar consigo mesmo. Acredito que é o que, Camus está delatando também em sua obra.

Para dizer das escolhas temos a personagem Rambert , ele é um estrangeiro  que fica preso a cidade no período de quarentena  o que o separa de sua amada. Ele a princípio luta por fugir da cidade, mas quando tem a oportunidade de fazê-lo escolhe por permanecer pra lutar contra a peste.

A sua consciência o orienta a agir desta forma para que os seus mais íntimos desejos sejam alcançados. Em outra conversa com Rieux ele irá anunciar um de seus valores: “Estou farto do heroísmo, de pessoas que morrer por ideias, o que me interessa e que se viva ou morra pelo o que se ama” (CAMUS, 2011, p.117). Ele escolhe ficar, pois ao partir teria vergonha e que isto “perturbaria o amor por aquela que tinha deixado”, no caso a sua amada (CAMUS, 2011, p.190).

Viver dentro do contexto da peste que faz Rambert  ter acesso ao um estágio mais “profundo” da consciência ou como o Rollo May nomeia  sua autoconsciência criativa, onde a personagem age de forma a preservar o seu valor, no caso o amor. Sobre o agir ético Rollo May cita “Quando alguém decidir como agir e afirmar o objetivo com plena consciência é que sua ação terá convicção e força, pois então de fato a pessoa acredita no que está fazendo” (MAY,1988, p. 181)

Outro elemento interessante que Camus suscita é o da temporalidade, de como a distância atenua ou ameniza nossas afecções.  Isto pode ser visto na citação a seguir: “A condição do prisioneiro [as pessoas em quarentena] nos reduzia ao passado, se alguém tentasse viver o futuro, logo renunciava, ao experimentar as feridas que a imaginação finalmente inflige aos que nela confiam” (CAMUS, 2011, p.69)

Em decorrência deste distanciamento Camus descreve a entrega ao sentimento de monotonia, em três momentos: O primeiro momento onde se tinham memória dos entes queridos, mas a imaginação era insuficiente para que eles conseguir pensar nas pessoas vivendo em sua cotidianidade. No segundo momento onde há perda da memória, só restavam sombras do seu amor. Último momento onde já não conseguiam pensar que tinha com os entes sentimento de intimidade. 

A peste surge como algo sem causas e as medidas que são tomadas contra ela são falhas. O médico Rieux, irá se deparar com sentimento de ineficácia diante das luta contra a doença e das pessoas que delas foram acometidas. A figura do médico, entendido com salvador das doenças, que se mostra como impotente e está em constante embate com a peste é uma metáfora que diz do dilema humano ao se deparar com a angústia. 

Este dilema é o sentimento de angústia vivido pelo homem que é livre, que pode escolher e se desenvolver á partir disto, e ao mesmo tempo é limitado, pois é finito e mortal. 

Isto diz da impossibilidade do homem de encontrar uma solução, um remédio para a angústia, pois ela é inerente à condição humana. E da mesma forma como a peste, de Camus, ela surge e de se esvai sem que tenhamos controle. 

É por isto que nos encontramos sempre em busca de uma distração de algo que nos afaste do medo da morte, estamos todos no fundo, empestados. Lê-se angustiados e lutar contra este sentimento é algo penoso então esperamos que a sensação passe, ou seja, que seja substituído por uma nova  distração.. .Como diz o velho paciente de Rieux, nas paginas finais do livro: 

 “O homem direito, aquele que não se infecta quase ninguém, é aquele que tem o menor numero de distrações possíveis. E como é preciso ter vontade e atenção para nunca se ficar distraído! Sim Rieux, é bem cansativo ser um empestado. No entanto é mais cansativo não querer sê-lo. É por isto todos parecem cansados, hoje em dia, se acham poucos empestados”  (CAMUS, 2011, p. 229)
 
Quando a peste é enunciada como dizimada, temos a surpresa da morte de Tarrou, a peste ali anuncia a condição impotente do homem ao lidar com a angustia, de não ter nenhuma distração que o faça esquecer de que um dia irá se depara com a morte. Quando a peste resolvida, para a personagem já não se faz sentido viver. Tarrou tinha consciência de quando estéril a vida é sem ilusões” (CAMUS,2011, p. 263)

Referência Bibliográfica:

MAY, Rollo. O homem a procura de si mesmo. Petrópolis: Vozes, 1988. 230p. (Coleção psicanálise)

CAMUS, Albert. A Peste.Rio de Janeiro : BestBolso, 2011. 238p. Tradução de Valerie Rumjanek

terça-feira, 10 de julho de 2012

A Delicadeza do Amor (2012)


Foi-me inevitável remeter ao filme" O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" a protagonista deste filme  é encenada  também por Audrey Tautou.

No entanto a semelhança existente no filme em questão e que ele também remete a uma suavidade na forma de se conduzir a vida, ao valorizar pequenas atitudes e pela presença da imaginação como orientadora das ações as personagens.


Em a "Delicadeza do Amor" a relação amorosa vivida entre as personagens é de muita candura, o respeito aos limites do luto, a liberdade em se permitir a amar novamente são vivenciados por meio a ações simples que fomentam e consegue transformar o sentimento, que aparentemente se mostrava como inexistente por parte de ambos, em amor. 

Segue um link com a sinopse do filme:

domingo, 8 de julho de 2012

Short Cuts (1993)

Após ver o filme senti uma indecisão imensa em julgar se o filme é bom ou ruim. Talvez pelo incomodo que gerou em mim...

Mas não posso negar que o filme me seduziu, são quase 3 horas de duração e ele conta com 22 personagens diferentes e o diretor consegue despertar o interesse dos espectadores para que as histórias sejam acompanhadas até o fim, semser cansativo.

Mas quanto ao desconforto vem do retrato da vida destas personagens, que a meu ver não são banais. A maioria das personagens delatam um conflito ético, por colocar em destaque a vontade particular em detrimento da universal.



Segue abaixo um link para acesso a sinopse:
http://www.imdb.com/title/tt0108122/

Um Método Perigoso (2011)

Muito bom!

O filme retrata uma dentre as todas as discussões teóricas a repeito da teoria psicanalítica freudiana.Mais do que falar desta discussão ele mostra como as teorias são permeadas por nossa vivência, o que é o maior desafio para quem quer criar modelos teóricos.

Segue um link para acesso a sinopse do filme:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-132376/

A Caixa (2009)

O filme delata as consequências de nossas escolhas, de que somos incondicionalmente responsáveis por nossas decisões.

A ficção traz consequências drásticas para a tentativa de se isentar da responsabilização de nossas escolhas, mas o que é interessante pensar e de que a premissa acima se aplica a qualquer escolha que tomamos e que isto conduz, ou mais do que isto estrutura nossa existência. No caso no filme as escolhas acabam conduzindo uma concatenação de fatos infelizes.

Muito bom o filme, certamente conduz a uma discussão mais aprofundada sobre a perspectiva Sartriana de existência.

Segue um link para acesso a sinopse do filme:
http://www.imdb.com/title/tt0362478/

Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)

Muito bom!

O Clima de humor nas situações inusitadas invadem o filme. Desde as perseguições dentro do Táxi ao som de mambo, até mesmo no figurino brega e os comportamentos exagerados das personagens.

Faz jus em ser um clássico!



Segue um link para acesso a sinopse do filme:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-86046/

O Palhaço (2011)

O deserolar da trama é lenta, que é também reflexo da condição depressiva da protagonista.

É uma boa reflexão sobre a necessidade de viver uma experiência nova para afastar-se da rotina e tomar assim consciência de si mesmo.

Como disse Rollo May:
“ É como se por um momento a pessoa se encontrasse no alto de uma montanha e visse sua vida daquela ilimitada perspectiva”

Segue um link para sinopse:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202591/

Domicílio Conjugal (1970)

O filme parece ser típico pelo enredo e até mesmo a configuração do local onde as personagens principais residem, mas logo nas primeiras cenas já nos deparamos com as irreverências do protagonista que irão aparecer durante todo o filme nas mais diversas situações.

Gostei muito, sobretudo porque está dentro de outro estilo de filme, o chamado” Nouvelle vague”.Não conheço quase nada sobre, mas dentro do cinema ele parece ser uma forma de contrariar os padrões recorrentes do cinema mais comercial. Que é justamente o que acontece em Domicílio Conjugal.

Segue um link com a sinopse do filme:
http://www.cineplayers.com/filme.php?id=2409

Feliz Natal (2008)

Certamente não é um filme que passará algum dia na Tv na véspera de natal... rs

Mais uma vez Selton Melo mostra o homem angustiado buscando formas de desviar de si mesmo.

A definição a qual os meninos levantam a respeito da menstruação e que fica sem maiores esclarecimentos pelos adultos, parece refletir o ciclo em que o protagonista vivência ao rever seu passado ao se encontrar com sua família no Natal.

A definição que os garotos recorrem é “O processo de purificação que é necessário para iniciar o ciclo ”, ela aparece como uma definição biológica, mas que em um olhar mais atento está falando , também, do cerne da questão vivenciado pelo protagonista.

Muito bom o filme o clima de angustia e tristeza são constantes no filme.

Segue um link para sinopse do filme:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-187596/

De Tanto Bater Meu Coração Parou (2005)


Encontrei o filme em uma lista dos dez melhores filmes Franceses e optei por assistir simplesmente pelo título, que a priori não dá nenhuma referência do que o filme se trata.

O filme começa mostrando cotidianidades, sem trazer muitos elementos novos.

Até que o protagonista se envolve com a música. É e, sobretudo interessante, pois é uma personagem que tomada pela excessiva ansiedade se depara com a música, como sendo uma fonte de inúmeras possibilidades, mas a que ele escolhe é tê-la como fonte de serenidade.

É um bom filme

Segue  um link com a sinopse do filme:

Reprise (2006)



Por que re-começar não é reviver.

O protagonista mostra a tentativa de se restabelecer, após sofrer um surto, que acaba sendo falha, pois ele fica preso em seu passado sem perceber as mudanças que aconteceram com ele e aos que estão ao seu redor.

A historia tem um bom desenrolar.. .Tem um clima de suspense, no sentido você torce para que as personagens consigam atingir suas aspirações, em meio a um contexto onde tudo parece dar errado ou é incerto.

A narrativa se encerra assim anunciando uma possibilidade e não necessariamente um término.

Para sinopse do filme:
http://www.imdb.com/title/tt0827517/

Hemel (2012)


A personagem principal trás uma boa definição de amor: “Querer saber tudo sobre o outro sabe, ver o outro por dentro”. Ele se deleita ao se dispor a conhecer as diferenças, em saber o que outro está sentindo em sua forma mais intima desprovida de preconceito, no sentido de desvelar o que o outro pensa e quase nunca expõem para outro.

Parece um projeto de grande aprofundamento, mas que no
filme se mostra como paradoxal, a cada noite, com uma pessoa diferente ela usa deste desvelar.

Gostei muito do filme por trazer está reflexão, mas o clima de conflito psicológico está presente no filme, sobretudo pela relação confusa entre a protagonista e seu pai.

Adorei o filme, recomendo para quem se dispor a ver de uma maneira diferente, tentando esquecer um pouco de todas as concepções purificadas a respeito do amor.
Para sinopse e detalhes sobre o filme 
http://www.imdb.com/title/tt1753899/