quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cerejeiras em Flor (2008)



Em um primeiro momento o filme causa certo estranhamento pela forma frívola de tratamento dos filhos para com Trudi e Rudi, assim como a diversidade de culturas que é apresentada, mas que no decorrer do filme irão ganhar um sentido especial, por sua sutileza e beleza.

O desenrolar da trama ocorre com o falecimento inesperado de Trudi, que contradiz o proclamo da narrativa, já que a produção se inicia com o anuncio da sentença de morte de seu marido Rudi.

Mas antes de continuar é necessário dizer um pouco das personagens...

Rudi sempre foi um homem imerso em suas cotidianidades uma pessoa completamente absorvida em sua rotina monótona e repetitiva. Ele não apresentava desejo nenhum em explorar a sua existência de forma diferente da habituada, sempre repetido os mesmos jargões.

Em contrapartida Trudi demonstrava grande interesse pela arte, desejo em se dedicar aos estudos, vontade de conhecer outras culturas em especial a Japonesa, no entanto ela optou por uma forma de vida semelhante de seu marido.

Após a morte de sua esposa, Rudi consegue visualizar que ela estava aberta a viver de forma completamente diferente daquela na qual compartilhavam em conjunto. Tal esclarecimento acontece em especial quando conversa com Franzi, que nos últimos dias de vida de Trudi, havia conhecido outras de suas inclinações, tal como ela enuncia: “vi em Trudi, uma mulher que ninguém viu”.

Para lidar com a perda de sua esposa e também com tudo aquilo que percebeu que Trudi foi roubada de viver devido a sua morte, Rudi movido pelo seu amor verdadeiro: “convoca todos os seus recursos e interesses por inteiro, enquanto sujeito”. Conforme enunciaria Merleau Ponty.

Assim como diz M. Ponty as coisas no mundo nunca se apresentam de forma completa, há sempre um lado oculto. No caso do amor, como vemos na busca de Rudi ele vê em cada objeto externo a presença de Trudi, presença que não se configura como rememoração, pois de fato nunca aconteceu, mas vê enquanto “síntese perceptiva”, os objetos não possuem aquela propriedade ele que fez tais atribuições. Justamente na tentativa de fornecer para sua esposa aquilo que já não teria possibilidade de viver.

Isto é visto também na penosa pergunta que Rudi se faz: “Onde está trudi? Por mais que eu a procure ela está no meu corpo e quando ele deixar de existir onde estará trudi?”. Ele enuncia aqui a plena consciência do sentimento amoroso e da possibilidade de vivenciá-lo apenas como uma interioridade de si mesmo.

O filme me lembrou de muito o filósofo já citado por ter sempre uma referência à corporeidade. Uma maravilhosa tentativa que Rudi encontra e dançar butoh, o seu corpo permite sentir e viver com Trudi de uma maneira que jamais havia existido para ele.

Recomendo a todos!

Para acessar a Sinopse do filme:  http://www.imdb.com/title/tt0910559/

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