Em um primeiro momento o filme
causa certo estranhamento pela forma frívola de tratamento dos filhos para com
Trudi e Rudi, assim como a diversidade de culturas que é apresentada, mas que
no decorrer do filme irão ganhar um sentido especial, por sua sutileza e
beleza.
O desenrolar da trama ocorre com o
falecimento inesperado de Trudi, que contradiz o proclamo da narrativa, já que
a produção se inicia com o anuncio da sentença de morte de seu marido Rudi.
Mas antes de continuar é
necessário dizer um pouco das personagens...
Rudi sempre foi um homem imerso em
suas cotidianidades uma pessoa completamente absorvida em sua rotina monótona e
repetitiva. Ele não apresentava desejo nenhum em explorar a sua existência de
forma diferente da habituada, sempre repetido os mesmos jargões.
Em contrapartida Trudi demonstrava
grande interesse pela arte, desejo em se dedicar aos estudos, vontade de
conhecer outras culturas em especial a Japonesa, no entanto ela optou por uma
forma de vida semelhante de seu marido.
Após a morte de sua esposa, Rudi consegue
visualizar que ela estava aberta a viver de forma completamente diferente
daquela na qual compartilhavam em conjunto. Tal esclarecimento acontece em
especial quando conversa com Franzi, que nos últimos dias de vida de Trudi,
havia conhecido outras de suas inclinações, tal como ela enuncia: “vi em Trudi,
uma mulher que ninguém viu”.
Para lidar com a perda de sua
esposa e também com tudo aquilo que percebeu que Trudi foi roubada de viver
devido a sua morte, Rudi movido pelo seu amor verdadeiro: “convoca todos os
seus recursos e interesses por inteiro, enquanto sujeito”. Conforme enunciaria
Merleau Ponty.
Assim como diz M. Ponty as coisas
no mundo nunca se apresentam de forma completa, há sempre um lado oculto. No
caso do amor, como vemos na busca de Rudi ele vê em cada objeto externo a
presença de Trudi, presença que não se configura como rememoração, pois de fato
nunca aconteceu, mas vê enquanto “síntese perceptiva”, os objetos não possuem
aquela propriedade ele que fez tais atribuições. Justamente na tentativa de
fornecer para sua esposa aquilo que já não teria possibilidade de viver.
Isto é visto também na penosa pergunta que Rudi se faz: “Onde
está trudi? Por mais que eu a procure ela está no meu corpo e quando ele deixar
de existir onde estará trudi?”. Ele enuncia aqui a plena consciência do
sentimento amoroso e da possibilidade de vivenciá-lo apenas como uma
interioridade de si mesmo.
O filme me lembrou de muito o filósofo
já citado por ter sempre uma referência à corporeidade. Uma maravilhosa
tentativa que Rudi encontra e dançar butoh, o seu corpo permite sentir e viver
com Trudi de uma maneira que jamais havia existido para ele.
Recomendo a todos!
Para acessar a Sinopse do filme: http://www.imdb.com/title/tt0910559/
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