sábado, 12 de janeiro de 2013

Marina Abramović: Artista Presente (2012)



O documentário retrata os bastidores da apresentação de Marina Abramović no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoNA) em 2010, bem como  todo o percurso de sua apresentação comentado por ela e outras pessoas importantes de sua vida, como o seu ex- marido Ulay.

Eu desconheço as expressões artísticas, então fiquei impressionada com a ideia de ter o corpo como instrumento e simultaneamente objeto da arte. Pensar que o autor é agente de intervenção diante dos seus espectadores é fantástico, ainda mais quando se trata de uma intervenção especular, como proposta por Marina em sua apresentação no MoNA.

Desde Freud “o olhar do outro” é de suma importância na construção da subjetividade é que Lacan irá desenvolver posteriormente em toda sua teoria psicanalítica.

Para a psicanálise lacaniana, a relação como olhar é o que permite a construção da subjetividade. A criança percebe a si mesmo como fragmentada, quando olha para si percebe a suas mãos, os pés, partes dos braços e etc, mas não consegue se perceber unificada como uma totalidade composta por todas estas partes.

 A representação unificada do eu só será possível pelo intermédio do outro, do olhar do outro. Esta relação será denominada como especular, onde o eu não pode existir sem o simbólico, ou seja, a referência do outro. O interessante é que existe uma alienação sujeito no eu que o move a buscar o outro.

O olhar de Mariana Abramovic não tem aqui a função especular no sentido lacaniano, mas como descrito por alguns daqueles que experenciaram a performance é uma possibilidade de olhar para si mesmo, de ter o olhar não como construção da minha subjetividade, mas como possibilidade do encontro com o eu. 

Como explica Ulay, a performance de Marina tem a característica de apresentar a inatividade e o silêncio que permitem retirar os sujeitos do dinamismo o qual o homem pós moderno é submetido. O encontro do olhar de Mariana com aqueles que ali fazem parte da performance é fixo e anula toda a turbulência envolta de ambos, não há palavras ou gestos, apenas a comunicação com o olhar.




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